Olhar




Olhava enquanto ela escrevia, caneta no papel, olhos nas palavras. Olhava de soslaio, meio que envergonhado, pra que ela não percebesse, mesmo que já soubesse.


Olhava porque seus olhos eram atraídos pela força magnética de uma boca vermelha, sorriso de lábios rubros, meio-sorriso, marcando o cantinho da boca. A caneta foi até os lábios, e ele pode até sentir a mordida na tampa como se fosse no seu pescoço.


Olhava, e não conseguia parar de olhar, quando os olhos dela encontraram os dele no caminho. Foi descoberto. Ela sorriu um sorriso aberto, acenou para ele… e voltou a escrever.


Ele riu, recostou-se em sua cadeira e, sem parar de olhar, pensou quase em voz alta: "Ah, quem me dera… Quem me dera…"


Comentários

Segue a gente no Facebook ;)

Seguidores

Outros textos que você pode gostar