A Coisa no Fosso - Parte II


A casa, a rua, a boate

Quando Cláudio acordou, todos os seus técnicos estavam ao seu redor. Eles o haviam retirado das galerias e ele agora se encontrava deitado sobre o asfalto quente. Sua visão ainda estava turva, e os sons não estavam muito claros nos seus ouvidos. As lembranças estavam embaçadas, e quando ele forçava a cabeça para lembrar, ela estalava, rangia e gritava como se fosse violentada.

- Cláudio - alguém que ele não conseguia identificar falou - Você tá bem? Lembra o que aconteceu lá embaixo?

- Não… Não consigo… Minha cabeça...
    
Um flash irrompeu brutalmente enquanto organizava suas ideias. Escuridão. Medo. Terror. Uma fuga. Alguém caiu. Quem?
    
Eduardo.

- Eduardo! - Gritou Cláudio, levantando-se sobressaltado - Temos que descer! Ele tá lá embaixo.

- Cláudio - respondeu Guilherme - nós já o procuramos. Achamos que ele caiu no fosso no momento da explosão.

- Explosão? Que explosão?

- A explosão do escoadouro. Aquele onde você detectou o entupimento. Embaixo do lixo havia uma grande quantidade de gases, e quando você e o Eduardo começaram a retirar os escombros, desencadearam uma reação que explodiu tudo. Por sorte, as estruturas não foram comprometidas, mas teremos que acionar a Defesa Civil para isolar essa área até o laudo da perícia sair.  

Havia alguma coisa que não fazia sentido. Ele não se lembrava do que havia acontecido, mas sabia que não havia explosão nenhuma. Foi alguma outra coisa… Mas sempre que ele tentava se lembrar, sempre que ele perscrutava as profundezas de sua mente, sua cabeça latejava e ele se revolvia em dor. Não importava. Ele tinha que ir buscar o novato, antes que algo pior acontecesse.

- Vamos nos organizar e nos preparar para as buscas. Aproveitar para nos dividirmos em grupos...

Uma tontura súbita assaltou-lhe, fazendo o mundo girar. Seus passos tonaram-se incertos, cambaleantes, e ele quase caíra, não fosse seus colegas terem lhe segurado.

- Você não ouviu o que eu disse? Já fomos lá embaixo. Já procuramos ele. Não achamos. Vamos procurar mais, mas, você, agora, vai é pro hospital.

Ele deu de ombros.

- Não… Eu vou procurar… Eduardo… É minha...

E a escuridão tomou conta de sua mente.

    *****************************

As paredes eram brancas, assim como o teto. O cheiro de assepsia impregnava o ar frio do ar condicionado. A cama de colchão raso não aquecia, deixando seu corpo exposto aquele frio de ares de álcool.

- Está sentindo alguma dor? - perguntou a enfermeira branca, de jaleco branco, que se camuflou tão bem no ambiente que Cláudio não a notara.

- Não…

- Ótimo. O médico de plantão logo virá vê-lo, mas acredito que você receberá alta dentro em pouco.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Umas duas horas - respondeu a mulher, com um sorriso alvo que parecia bem alucinado.

Tinha alguma coisa de errado naquele quarto. A alvura… ele era branco demais. A luz se propagava prestigiosamente sobre os azulejos brancos. Não havia traço de outra cor naquele lugar.

- Me desculpe, mas a luz está começando a me incomodar. Você poderia desligá-la, por favor?

A mulher estranhou o pedido.

- Você não lembra?

- Lembrar?

- Quando você chegou aqui - começou a moça, sentando-se em um dos cantos da cama - vocês estava alucinado. Você gritava coisas que não faziam sentido, e não queria ser deixado no escuro. Você queria a luz acesa, o máximo de luz possível, pois só assim que você poderia saber quando Ela estivesse vindo.

- Ela?

A mulher se aproximou dele, e disse no seu ouvido:

- A Coisa no fosso… Ela vem quando a luz se vai…

Ela se afastou sorrindo. Cláudio olhava para ela, aterrorizado. Sua mente irrompia com memórias assombradas, tão horríveis que ele preferia esquecer tudo novamente. Lembrou-se de cada detalhe. Dos braços descomunais e inumanos. Da pela negra e borbulhante, como se à qualquer momento erupções de alguma coisa purulenta fossem romper a prisão de fibras e carne que a encerrava. Ele lembrava da Coisa, mas sabia que aquela era uma imagem falsa, uma composição que seu cérebro havia criado para traduzir aquilo que ele viu, pois a verdade era muito pior.

A verdade é que ele simplesmente não conseguia compreender o que tinha visto.
    
Quando se deu conta, a enfermeira já tinha sumido. Ele saiu para ver onde ela tinha ido, mas não havia sinal dela. Ele perguntou a outra enfermeira que passava pelo corredor, mas esta respondeu que não tinha visto, ou que sequer conhecia, uma enfermeira com aquela descrição. Era como se ela nunca tivesse estado ali, como se nunca tivesse pisado naquele hospital.
    
Antes que Cláudio sequer pudesse sentir algum tipo de medo, o médico chegara.
    
Era hora de sair daquele hospital.
    
Hora de voltar para casa.

********************
    
Eram quase nove da noite quando o supervisor finalmente chegou em casa.
    
Seu apartamento estava exatamente como havia deixado. Cada peça, cada objeto deixado onde estava. Aquilo o tranquilizava; não havia coisa melhor que perceber um pouco de ordem nas coisas, já que aquele tinha sido um dia caótico.
    
Cláudio morava sozinho. Não tinha esposa nem filhos. Seus pais já haviam subido para prostrarem-se diante de Deus havia mais de dez anos, e desde então ele não tinha ninguém.
    
Ele colocou as chaves de seu gol no chaveiro e sentou-se no seu sofá por alguns instantes. Geralmente ele ligaria a televisão para ver os programas evangélicos, mas resolveu que o silêncio era melhor. Recostou-se no sofá, colocando a cabeça bem para trás. Respirou fundo por alguns segundos, depois ergueu a cabeça, e seu olhar se deparou com aquela caixa.
    
Aquela caixa que ele nunca tinha reparado.
    
Ele se aproximou da caixa. Impelido por um sentimento de curiosidade e angústia, ele foi até ela e a abriu. Nela, várias fotos de Cláudio, de muitos anos atrás. Ele sorriu gostosamente ao ver as fotos do seu pai, homem forte, vindo do interior do estado, fugindo das agruras, para dar uma chance ao filho. Sua mãe, mulher batalhadora, que seguia e apoiava o marido onde fosse. Nas fotos, eles costumavam sorrir, porque era costume sorrir nas fotos, mesmo que eles não estivessem felizes.
    
Ele parou para olhar uma determinada foto. Não lembrava dela. Ele devia ter uns quinze anos. Estava ele com vários amigos da escola, todos vestidos com o uniforme do time de futebol da instituição, numa pose preparada. Ao seu lado estava Otávio, com o braço ao redor do seu pescoço, olhando para frente.
    
Como será que estaria Otávio hoje? Será que ele continuaria bonito como era? Será que ele ainda…
    
Cláudio colocou a foto de volta na caixa e a guardou. Aquilo tinha ficado no passado. Aquilo havia sido um erro. Ele já havia pago sua dívida, e Deus já havia lhe concedido o perdão.

Cláudio se levantou para ir a cozinha, quando olhou para o abajur no canto da sua sala de estar. A luz da lâmpada oscilou levemente, enquanto um facho de luz retrocedia devagar, deixando uma longa sombra atrás de si. Logo, outra seguiu a anterior. Ele olhou para a lâmpada no teto, e a luz também estava… Fugindo…

Ela estava vindo.

Cláudio não conseguia se mover. Sentia que as forças de seu corpo, assim como a luz, estavam fugindo também. Ele não conseguia sequer gritar, pois sua voz desaparecera, suas cordas vocais tão estáticas quanto suas pernas.

Quando o último facho de luz finalmente se escondeu, ele sentiu aquela presença avassaladora.

Parecia que Ela estava em todo o lugar. Em cada sombra, um braço, um olho, uma maldita boca. Ele não podia vê-las, mas sabiam que estavam lá. Todas faziam parte da Coisa.

Um ar gelado soprou em sua nuca. Algo estava atrás dele.

Olá, Cláudio -  disse uma voz familiar.

Suas pernas saíram da letargia, e ele correu. Correu para onde acreditava ser a porta de seu lar. Para sua sorte, ela continuava lá. Abriu-a lançando-se para fora do apartamento, e não parou de correr. A força de suas pernas havia voltado com uma magnitude nunca antes vista. Avançou pelos corredores de seu andar, notando que, à medida que corria, a luz das lâmpadas não só recuava, mas também se retorcia, como se algo a esmagasse. Algumas lâmpadas simplesmente explodiam. Ele não conseguia olhar para trás, porque sabia que não havia luz atrás de si, e se não havia luz, havia a Coisa.

Desceu os três lances de escada que separavam seu andar do térreo como se fossem apenas um. Correu para a porta de saída do prédio, como se, de alguma maneira, sair daquele lugar fosse salvar sua vida.

Ele irrompeu na calçada de forma tão violenta que lançou o corpo de uma outra pessoa ao chão. Uma mulher, de uns vinte e poucos anos. Ainda sem fôlego, Cláudio aproximou-se para pedir desculpas e ajudá-la a levantar-se.

A mulher parecia-se muito com a enfermeira que havia lhe atendido no hospital.

- Você…

- Não pare agora. Ela ainda está atrás de você.

- O quê?

Antes que ele pudesse segurá-la, ela desvencilhou-se de suas mãos e correu, virando à esquina. Cláudio foi atrás dela, mas tudo que encontrou foi uma rua escura, fria e vazia.

Ele caminhou pela rua, procurando pela mulher, atravessando as trevas da noite urbana. Em cada sombra, um olho vindo das profundezas do abismo fixava-se nele, ele sabia. Apesar de perceber que a luz permanecia (mesmo essa sendo muito pouca) a presença da Coisa era quase palpável, e ele ouvia, como um sussurro distante, uma voz chamando seu nome.

Uma voz que ele conhecia.

Ele viu uma porta no fim da rua, em um lugar sujo e escuro. Sons e luzes vinham daquele lugar. Ele sentiu-se impelido à ir até lá. Ao chegar a porta, o leão-de-chácara abriu-a e ele entrou em um mundo de cores.

Havia muitas luzes, dos mais diferentes matizes, preenchendo o ambiente, assim como uma infinidade de sons. Alguns eram músicas, outros eram risadas, gritos, gemidos. Pessoas de várias formas e tamanhos infestavam a boate, com seus corpos suados e espíritos felizes. Pessoas diferentes, mas com uma coisa em comum.

Todos eram homens.

Havia pole dances, onde homens seminus dançavam sensualmente para outros homens, que jogavam cédulas sobre eles ou as colocavam e suas cuecas. Homens bebendo, festejando, beijando. Homens amando e desejando outros homens.

Cláudio não sabia o que fazer. Não queria ficar lá, mas ali havia luz, e se havia luz, era porque a Coisa não estava por perto. No entanto, aquela música, aqueles homens… despertavam nele desejos que ele levou anos para reprimir.

Foi até o balcão. Chamou o barman, um tipo magro mas atlético, que estava usando nada além de uma sunga de borracha, e pediu uma dose de uísque. O homem olhou para ele por alguns segundos e despejou o líquido com cor de urina num copo, colocando três pedras de gelo.

Ele não precisou de mais do que um gole para acabar com o conteúdo do copo. Pediu uma segunda rodada. Ela veio, e se foi na mesma velocidade da anterior. Quando a terceira chegou, havia um rapaz ao seu lado.

- Primeira vez aqui? - perguntou o jovem, todo sorrisos.

- E espero que seja a última.

- Sei… Sou Otávio. E você? - Otávio…

- Sou Cláudio.

- Então Cláudio… dança?

- Não sei dançar, e nem quero.

Otávio sorriu para ele.

- Ora vamos… Para um homem como você, que mal uma dança faria?

A mão do homem desceu sobre seus cabelos. A carícia dele era suave e revigorante. Os pelos do braço de Cláudio se arrepiaram, e ele pendeu a cabeça de lado, levemente, com um meio sorriso desenhado em sua boca.
    
Cláudio levantou-se repentinamente. Ele tinha que se recompor. Aquelas coisas que estavam acontecendo com ele só podiam ser obra Dela. A Coisa era uma enviada do inferno, que veio para punir seus pecados, expondo-lhe a sua maior fraqueza sempre que podia.
    
Ele deixou o dinheiro num balcão e afastou-se, deixando Otávio para trás. Ele caminhou à esmo, enquanto as luzes cintilavam, os sons troavam e os corpos se remexiam. Aquela movimentação começou a lhe dar náuseas. Ele procurou pelo banheiro, e o encontrou em um canto esquecido.
    
Ele entrou no banheiro e o cheiro de urina assaltou-lhe as narinas como um soco. Por alguns instantes, parecia que ele tinha voltado às galerias. As paredes eram sujas, cheias de pichações, recados eróticos e de baixo calão. Não havia espelhos lá. Havia apenas dois mictórios e três boxes, e pelo menos um deles, ele tinha certeza, estava ocupado por mais de uma pessoa. Ele entrou no último box, sentou-se naquele vaso fétido e lá deixou que as lágrimas descessem pelo seu rosto.
    
Mal teve tempo de chorar, quando alguém entrou no box ao lado. Era obviamente uma mulher, e chorava muito mais do que ele. Ela também sentou-se no vaso sanitário, e Cláudio podia ver os pés dela naqueles sapatos All Star.

Ela chorava copiosamente e soluçava. Seu desespero era tamanho que ela arranhava as paredes do box. Cláudio sentiu pena dela.

- Cláudio? - disse a desconhecida.

O homem se sobressaltou.

- Como você sabe meu nome?

- Eu tenho um recado pra você. - falou ela, entre soluços. - Um recado do Eduardo.

- O quê?

- Ele disse que ainda espera você… No Fosso!

O banheiro começou a tremer, como se um terremoto estivesse acontecendo. As luzes oscilavam e as sombras se retorciam como se fossem a cauda de um lagarto quando apartada do corpo. Um som estranho, um zumbido agudo, começou a soar pelo ambiente, fazendo as paredes vibrarem. Um sussurro, com aquela voz de antes, chamava seu nome, e cada sílaba pronunciada, seus ouvidos doíam como se uma agulha estocasse seus tímpanos.

Ele arrancou-se do box, e os tremores pararam. Abriu a porta do box ao lado com violência, disposto à encontrar algumas respostas. De nada adiantou; não havia ninguém lá. Talvez nunca tivesse havido ninguém lá.

Talvez aquilo tudo não passasse de loucura.
    
Ele saiu da boate, e notou que o dia estava quase nascendo. Ele tinha que dormir. Talvez dormindo ele pudesse melhorar, e descobrir que aquilo tudo não passou de um momento de insanidade, que nada daquilo havia sido real. Ele não viu um monstro saindo das profundezas de um fosso. Ele não foi perseguido por essa criatura e nem deixou outra pessoa para morrer nas garras da loucura.

Cláudio caminhou para fora do beco, indo na direção da luz do sol, que raiava no horizonte. Que bom que o sol estava ali. Afinal o sol era a luz, e se há luz, é porque não existia a Coisa.

Não é?

*****************************

Três noites. Três noites que ele não conseguia dormir.
    
Era só fechar os olhos. Ele revivia tudo. Tudo. Cada cena bisonha que ele havia vivido nas galerias naquele dia era repassada sobre diferentes ângulos e perspectivas. E ainda tinha coisas piores.
    
Sons. Toda noite ele ouvia aqueles sons. Como algo se arrastando pelos canos da tubulação da água. Eram mais fortes no banheiro. Era como se ratos estivessem dentro dos canos, arranhando-os para se libertarem, querendo sair para invadir seu apartamento.
    
Vozes. Ele ouvia vozes lhe chamando. Às vezes era uma voz estranha e assombrada. Noutras, uma voz que ele conhecia. Pareciam um sussurro abafado, como se estivessem vindo de muito longe.
    
E ainda havia as visitas.
    
Todas as noites, ele sentia a presença da Coisa. Mesmo que Ela não se manifestasse como antes, sua essência pairava pelos ares do seu apartamento. Tudo ficava diferente, mesmo ficando igual. Era como se tudo que já incomodava se tornasse insuportável: os cheiros, os sons, os vultos estranhos.

Cláudio não conseguia trabalhar. Seu corpo estava exausto. Era impossível dormir à noite, e durante o dia, quando ele sentia que a Coisa havia ido embora, ele sonhava com o encontro fatídico que custara a vida de Eduardo. Estava sendo consumido pelo medo, pela loucura e pela culpa.

Ele já havia tomado quase um litro de café, e passara a tarde escrevendo coisas ininteligíveis num diário que havia sido comprado anos atrás, e que nunca fora usado para nada útil.

O diário agora servia para que ele relatasse, nos seus parcos momentos de sono, os pesadelos insanos que irrompiam das profundezas da sua mente. Neles, Cláudio era transportado para lugares inimagináveis, onde ele percorria por corredores que, mesmo retos, eram sinuosos como o leito de rios, onde existiam paredes que, mesmo lisas, podiam ter espaços côncavos que esconderiam uma pessoa, ou coisa pior.

Em todas as direções que ele ia, qualquer que fosse o rumo que tomasse, ele sempre ia parar no mesmo lugar. Naquela mesma galeria, no mesmo fosso. E era nesse momento que o sonho acabava, quando ele se encontrava com o aquilo que mais temia.

O sol já estava se pondo novamente. Os raios dourados que aqueciam o hemisfério se recolhiam, prontos para se despejarem no outro lado do mundo. E é quando a luz se vai que Ela vem.

Mal o último facho solar se escondeu, os barulhos começaram. Dessa vez vinham da porta. Cláudio, com os olhos vidrados de insanidade, foi até a entrada de seu apartamento, vendo as sombras que iam e vinha pela fresta da porta.

Ele abriu-a, e nada havia lá. O corredor estava iluminado. Só seu apartamento estava escuro; para ele, já não havia sentido em acender as luzes.

No chão, havia um envelope de carta. Sem remetente, sem selo, nada. Apenas uma coisa escrita em ambos os versos.

Seu próprio nome.

Ele abriu o envelope ali mesmo. O bilhete era curto, simples e aterrorizante.



    
     

A primeira reação de Cláudio foi um grito. Depois ele começou a rir e, por fim, chorar. Seus vizinhos saíram dos apartamentos, e viram, atônitos, um homem no auge dos seus quarenta e dois anos chorando como se fosse um menininho de sete.

- Seu Cláudio - perguntou-lhe uma vizinha - você está bem?

- Não, Dona Zuíla - respondeu ele, recompondo-se - mas vai ficar.

Vai ficar.
    
Ele entrou em casa abruptamente. Foi até o seu quarto, ignorando os ruídos, os vultos e os sussurros que lhe chamavam. Retirou debaixo da cama a única coisa que seu pai tivera de valor na vida: um estojo de madeira contendo sua velha espingarda e munição.

Cláudio municiou sua arma. Ele podia jurar que os sussurros haviam se tornado risos.

- Estou indo, Eduardo. Estou indo lhe encontrar.

Ele engatilhou a arma, e começou a se preparar para voltar onde tudo começara.

Era hora de ir até o Fosso.

Comentários

Postar um comentário

Segue a gente no Facebook ;)

Seguidores

Outros textos que você pode gostar