O lugar da tua ausência

Resultado de imagem para ausencia

A tua ausência preenche a sala inteira. Caminha pela casa arrastando os chinelos e faz ecoar o os antigos e incômodos sons das louças se chocando numa manhã qualquer, sempre no momento de fazer café. Sentada no sofá, lendo jornal, ouvindo música, tocando violão. Ela até canta no chuveiro quando a gente passa perto da porta do banheiro, um ou outro flashback evocado na boa memória. Aliás, a memória é ruim, mas as boas memórias persistem. Talvez seja essa persistência que dói tanto no fim das contas.

Sobrepõem-se, então, as brigas, os exageros e os excessos sem causa. Tudo transforma tudo em quase nada, já que de que adiantava 'isso' se 'aquilo' acontecia? A presença era imposta e os presentes eram forçados a aceitá-la. Entre contras e contras, por que prós não havia, decidiu-se a não aceitação, que gerou ausência e mal-entendidos. O afastamento. O som do flashback ao longe. Agora era só o flash da memória. Ninguém ouvia mais o som dos chinelos ou ouvia a voz grave e desafinada no chuveiro. A ausência que preenchia a sala, o quarto, o banheiro, deu lugar a novas memórias.

É claro que ainda dói, afinal, nada passa sem marcar, mesmo assim tua presença não é mais necessária, já a tua ausência... Sobre isso vale dizer que é péssimo sentir o luto por gente viva.


Comentários

Segue a gente no Facebook ;)

Seguidores

Outros textos que você pode gostar