Sobre Amizade

Pensei em escrever, como meu primeiro texto para o Ciborgue de Marte, algo falando um pouco sobre minha relação com o ateísmo, mas vou deixar isso pra outra oportunidade. Porque hoje pretendo falar sobre uma coisa que move o meu mundo, todos os dias, do meu despertar ao meu anoitecer: os amigos que tenho.

Todo mundo fala sobre amizade. Todo mundo fala como a amizade é maravilhosa, como é bom ter amigxs, blá blá blá. Geralmente são associadas imagens de gente feliz, sorrindo e curtindo a vida, em festas, praias e o diabo à seta. Porque essa é a imagem que cultivamos da amizade, não é? A dos momentos felizes?

E quando o seu/sua amigx, com quem você costuma curtir a vida adoidado, está na fossa? Onde você costuma estar?

Se você respondeu “fico na minha, porque não é problema meu”, não me surpreende. Afinal e contas a gente vive num mundo onde a preocupação consigo mesmo (vulgo egoísmo) é voga do nosso trato social. Mas, se você pensa assim, então sinto muito, mas você não merece xs amigxs que tem.

Eu tenho duas famílias. Com uma eu tenho um laço de sangue. Não os escolhi para serem minha família. Nem sequer me dou bem com eles (com alguns indivíduos eu sequer troco uma palavra). A outra, são as pessoas com quem eu compartilho afinidades. Com essas, eu mantenho mais do que um laço de sangue. Essas são as pessoas com quem eu escolhi conviver. Esses são os meus/minhas amigxs.

Eu já curti muito com elxs. Bebemos juntos, cantamos juntos, rimos juntos. Mas também sofre muitos com elxs. Chorei com eles. Fiquei noites em claro, preocupado. Dei conselhos, recebi conselhos. Esse é o valor da amizade. Estar aí, pro que der e vier, na alegria e na tristeza, porque é na tristeza que reforçamos os laços e fortalecemos os vínculos. E quando eu to na merda, sei que não vou estar sozinho.

Eu sei que vou ter alguém com quem contar.

Obrigado por existirem. Lembrem-se: nós somos uma família não por um simples laço de sangue. Somos família porque escolhemos ser.

Em homenagem a minha grande amiga Marcela Souza.