Simone de Beauvoir: O que ela tem a nos ensinar?

Bem, essa semana fiz uma coisa que não sei se foi legal. Quer dizer, sei que foi, mas ainda vou avaliar os impactos financeiros disso. 

Ok, ok. Vamos deixar de enrolação. Um dos meus maiores crimes da semana foi dar uma de Rycaaa, queridinha. Isso mesmo!

Como assim, produção? Você deve está se perguntando. Pois vou compartilhar meu torvo crime com vocês, miges.

Comprei o livro O Segundo Sexo, da lindona francesa Simone de Beauvoir, e para realizar tal feito gastei a grana de pagar uma coisa importante, mas isso não importa agora. Voltemos ao título: Simone de Beauvoir: O que ela tem a nos ensinar? (E o que me fez gastar 110 pilas nesse livro, my god!? Como vou pagar minhas contas!?)



Umas das frases mais comuns (porque muita gente já escutou ou ouviu falar) e famosas dela é:



Pois bem, acho que essa foi a primeira frase que ouvi a respeito desta senhora e me fez questionar uma série de verdades que supostamente estavam muito bem resolvidas na minha cabecinha de abóbora. O que significa isso? Como vou entender essa frase? Eu não nasci mulher? Se eu não nasci mulher, como me tornei uma? Eu nem percebi!

Essas foram apenas algumas coisas que me questionei inicialmente e que ao longo do tempo - estudando e participando dos encontros semanais de um programa, o PIBID, do qual sou bolsista - fui compreendendo que o tornar-se mulher está ligado à coisas, ações, discursos e muitas outras coisas que existem e se fazem antes mesmo do nascimento de qualquer bebê. Quer um exemplo? Bem, quando alguém sabe que vai ser mãe/pai começam logo algumas perguntas: é menino ou menina? A partir dessa pergunta seus pais e o discurso biológico te definem, no meu caso: UMA MENINA!

Depois disso, começam a escolher brinquedos e roupas, cores e acessórios partindo dessa conclusão. Compram bonecas, roupas cor de rosa... depois que você nasce e cresce um tantinho te vestem com roupas que a sociedade julga ser de menina (lembrando que a sociedade não é algo abstrato, ela é composta por tod@s nós, por nossas ideias e não pelo Grande Irmão manipulador. Ou seja, parte desses preconceitos e conceitos são nossos, meus e seus).

Lembro que eu nunca gostava muito de vestido, eu preferia calças e shorts e minha vó e minha mãe viviam me dando vários vestidinhos, eu sentava toda confortável e nunca me faltaram chamadas de atenção para sentar feito "mocinha". Ora pitombas, sentar da forma que gostava me tornava uma não mocinha? Nunca entendi, mas nunca questionei. 

Na minha adolescência havia uma pressão, sobretudo um medo da minha vó, para que um dia eu me casa-se. Isso só piorou quando perceberam o quanto eu podia ser "namoradeira", isso depois que se aliviaram por eu não ser "sapatona", afinal, "ela é toda suja e só brinca com menino macho, anda descabelada e costuma quebrar lâmpadas chutando bola." Afinal, a Paty (minha irmã) coloca as chinelas para se beijar. Isso é romance. Coisas de menina, mesmo que seja coisa de "menina enxerida".

Gente, rindo Rios aqui! (O Rios é dirigido à Valesca). Falar do meu passado ou é trágico ou cômico pra mim. Ou um misto dos dois. Hahahahahhaha

Enfim, hoje eu percebo que o fato de eu gostar de homem, de eu ser considerada uma mulher, não está ligado ao fato de eu ter nascido assim. Tipo, eu fazer ou brincar de coisas que são consideradas de menino, não me tornaram homem. Eu ter dormido e até beijado garotas não me fez ser menos mulher. E ser mulher não significa ser heterossexual, apesar de infelizmente eu gostar de homens (isso é uma tragédia, meu povo, por melhor que o boy seja, às vezes a gente quer matar a criatura, pois os privilégios deles acabam nos deixando loucas) e eu não descarto a possibilidade de um dia gostar de mulheres e homens, ou só de mulheres, ou de uma travesti (tenho uma atração fatal por uma cantora acolá) ou de quem quer que seja. A vida é muito curta para sermos definid@s e colocad@s em caixinhas e pronto. A vida é mais complexa que essas definições de ser homem ou mulher, meu povo, a vida não cabe nesses preconceitos e conceitos.

Não é seu órgão sexual que define quem você é. Ou pelo menos não é apenas isso. Existem inúmeras experiências antes e depois de você nascer, que vão contribuir para te transformar no que você é. 

Vamos conversando mais sobre isso. Vamos, sim! E como nos ensina Simone: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher."

P.S.1: Acabei de pegar meu livro, ainda no plástico, para tirar uma foto e ostentar e daí  descobrir que o gato aqui de casa rasgou algumas páginas. Meu deus, porque o BIBI fez isso comigo? :( 

P.S.2: O nome do gato está ligado a sexualidade dele.

Comentários

  1. Adorei, mas quero escrever também, posso? Cabe umas reflexões geográficas a essas questões sociohistóricas,vamos materializar essas definições e cartografar certas posturas sociais, será que consigo, pretencioso, mas será legal um exercício bem legal uma ótima energia determinada para esse texto, mas claro você tem que deixar .. espaço é seu né, kkkkk

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  2. A ironia no final é só pra deixar claro, que se tratando de espaço sempre deve ser coletivo.

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