Quadrados e poesias

Vou erguer uma pedra com minhas mãos
vou jogá-la no teu cubo de vidro fumê,
vou te puxar pra junto de mim,
rasgar tuas roupas,
usar minhas unhas 
para destroçar o véu que encobre teu rosto,
debaixo de nossas vestes todos estamos nus...
Mera ilusão...


Vou provar do vinho do teu beijo,
morder tua boca vermelha,
ler os versos do teu sorriso tímido,
fuzilar teus olhos
que insistem em se desviar dos meus.
Vou te empurrar nu dessa janela,
e você vai cair nas minhas acrópoles,
todo mundo vai aplaudir,
vão incendiar suas correntes,
pisar os papéis,
atravessar as paredes
num grito enérgico,
todos vão se livrar
das mentiras tão verdadeiras
que encobrem todo o amor,
todo o desejo, todo o natural,
da pedra bruta,
da essência...


Todo mundo nu,
num grande abraço,
numa grande transa,
sem medo, sem censura! 
Liberdade ou loucura?
Já se tornam uma só palavra...




Um furacão de caleidoscópios,
cores, caras, cheiros, vozes,
diversidade que é guia e mãe de toda luz...!
Meu amor, eu te encontro
exalando euforia, vibrante, 
feito a lua abusando do seu brilho
para descobrir o que existe por trás do escuro...


Tudo é como a gente pensa,
a mente, vagante é a grande arquiteta,
artista criadora dessa paranoia... 
Império de surrealismo... 
Salvador Dalí
não ousou pintar tamanho cenário...
Tudo foge, escapa,
nada é o que vemos,
nada tem o concreto que apalpamos,
tudo é a mais sã insanidade, 
dos muros que se fazem folhas em branco,
rabiscos e mensagens de amor eu li várias,
chão que faz ondas,
céu que rodopia até descer
e nos banhar do azul 
que reflete nos rios espelhados...
Do teu corpo que é água,
que mata o insaciável,
me molha
até a última gota passear minha pele...

Pessoas cantando,
recitando poesias, versos atrevidos, 
contestadores...!
Almas nuas 
se atirando das sacadas dos sobrados,
risos intermináveis, prazeres absolutos...
E eu e você
no meio de tantas delícias...

A Lei do Desejo. Um filme de Pedro Almodóvar

Até que eu largo o ópio na mesa...
E as coisas começaram a ficar feias,
organizadas, bagunçando minha cabeça em tabelas... 
Tudo se enquadrava aos poucos,
todos começaram a se falar
dentro de suas caixas,
assistirem suas caixas,
se locomoverem dentro de suas caixas... 
Caixas do quatro, quatro lados,
ver EN – QUA – DRA - DO
EM QUA – DRA - DO
o plano supérfluo da superfície fria
que oprime a poesia
até que o poeta resistente rasgue toda rajada de névoa 
que esconde o invisível, sedução...!

Cavaleiro solitário,
que quer invadir cavernas,
resgatar vidas 
que não conhecem nada além do breu,
leva-las ao infinito,
implodir seus muros,
que permitam-se a sentir o sopro de Hemera,
e tornarem-se poetas de suas próprias existências...!



Texto de Bárbara C.
Eu, hoje, ando atrás de algo impressionante
Que me mate de susto
Um impulso, um rompante
Que é pra me desviar desse mar de calmante

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